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  A Varanda de Nazaré é uma realização do Governo Federal e do Governo do Estado do Pará.

A cantora e ativista cultural Fafá de Belém apresentou oficialmente, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (6), a programação da 15ª edição da Varanda de Nazaré, entre 10 e 12, e do III Fórum Varanda da Amazônia, que acontece entre os dias 7 e 8 de outubro, na capital paraense.

O encontro, realizado no Palacete Pinho, foi um diálogo sobre fé, arte, ancestralidade e os desafios contemporâneos da Amazônia.

Fafá se emocionou ao relembrar momentos marcantes da trajetória da Varanda, que nasceu como um espaço de acolhimento durante o Círio de Nazaré e se consolidou como uma plataforma de escuta, diálogo e valorização da identidade amazônica.

“Tenho muito orgulho de ter criado, junto com tantas pessoas, esse espaço de discussão e de afeto. A Varanda e o Fórum nasceram para mostrar que há muito a descobrir, viver e aprender no Pará. Aqui, o rio é nossa rua, e a fé é o que nos move”, afirmou a artista.

Um espaço de fé e pertencimento

Durante a coletiva, Fafá destacou que a Varanda é um movimento de amor e coletividade, capaz de unir pessoas de diferentes origens e crenças em torno da força espiritual do Círio.

Ela lembrou episódios marcantes — como o momento em que a neta mais velha, então com três anos, chorou emocionada ao ver a procissão — e outros relatos de fé, como o de artistas e convidados tocados pela experiência amazônica.

“A fé que nos move é inclusiva. Aqui, uma procissão de milhões caminha lado a lado com a maior festa LGBTQIA+ do Norte, sob o mesmo manto de Nossa Senhora. O Círio é o amor que caminha pelas ruas. Não é a religião, é a fé viva de um povo inteiro”, destacou.

Da cultura à ação: a Amazônia como centro do mundo

Fafá também reforçou o caráter político e simbólico da Varanda e do Fórum, especialmente neste ano em que Belém se prepara para sediar a COP 30.

Para ela, o evento é uma oportunidade de mostrar ao mundo o modo de vida amazônico, as distâncias, as travessias e a resiliência das comunidades ribeirinhas.

“Nós precisamos de um olhar diferenciado. A Amazônia não pode ter o mesmo tratamento que São Paulo. Aqui, as distâncias são de rio, de lama, de semanas. E esse é o mote da Varanda: que olhem para nós, que nos entendam e nos respeitem”, ressaltou durante o encontro.

A artista revelou ainda o sonho de realizar uma edição fluvial da Varanda, levando convidados e jornalistas para vivências pelos rios amazônicos.

“Levar as pessoas para dentro dos rios é mostrar quem somos. Que vida é essa que se passa sobre as águas? Que universidade é essa onde o aluno atravessa o rio todos os dias para estudar? Esse é o Brasil que o mundo precisa ver”, pontuou.

O Fórum Varanda da Amazônia e o chamado à responsabilidade

O III Fórum Varanda da Amazônia, com o tema “O Futuro da Amazônia é Agora”, discutirá sustentabilidade, turismo de base local, empreendedorismo cultural e políticas públicas para a região.
Fafá destacou que espera que a visibilidade conquistada com o evento se converta em investimentos reais e permanentes para a Amazônia.

“Já vivi grandes momentos nesta terra que se esvaíram. Não podemos repetir a síndrome do ‘já foi’. O Pará não é um cachorro vira-lata. Somos uma cultura pujante, ancestral, de fé e de beleza. Precisamos de continuidade, de compromisso e de união.”

Patrimônio e política cultural

Em um momento mais crítico, Fafá fez um apelo por políticas públicas consistentes para o setor cultural e denunciou a falta de apoio a iniciativas locais, mesmo diante de projetos aprovados em leis de incentivo.

“Como é que a cultura desse estado não tem o apoio que merece? Quem faz cultura aqui corta o dobrado. É preciso uma política cultural que olhe para quem vive e faz o Pará todos os dias. O que vem de fora é importante, mas quem sustenta a cultura daqui é quem mora aqui”, disse.

A artista defendeu ainda a preservação da memória urbana e ambiental de Belém, criticando a destruição de prédios históricos e o confinamento das árvores centenárias da cidade.

“Tudo o que é valorizado no mundo é o que conta a história do lugar. O que se quer preservar da memória dessa terra? Uma mangueira não nasceu ontem. Ela precisa respirar. Precisamos cuidar do que é nosso, com alegria e consciência.”

Legado e futuro

Ao celebrar os 15 anos da Varanda e os 3 anos do Fórum Varanda da Amazônia, Fafá reforçou o compromisso do projeto com o fortalecimento da identidade amazônica e a promoção de novas gerações de artistas e empreendedores.

A filha da artista, Mariana Belém, lidera as frentes de captação e comercialização da Varanda, e o projeto segue expandindo suas ações por meio da TV Varanda, plataforma digital que leva os conteúdos e debates do evento para o Brasil e o mundo.

Encerrando a coletiva, Fafá de Belém destacou o significado pessoal e coletivo dessa trajetória:

“A Varanda é o meu legado com essa terra. É amor, fé e resistência. É a Amazônia se olhando no espelho e se reconhecendo como potência. Tudo que sou, devo a esse chão — e é isso que quero retribuir”, detalhou.

Parcerias

A terceira edição do Fórum Varanda da Amazônia é apresentada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio de Copa Energia, Águas do Pará, Instituto Aegea e Vale. O evento conta com o apoio institucional da Hydro e do Ipam, Banco do Brasil, Sebrae, Cerpa, Oncológica do Brasil e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará. O Fórum é uma realização do Governo Federal, da Varanda de Nazaré e do Governo do Estado do Pará.

A décima quinta edição da Varanda de Nazaré é apresentada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e tem o patrocínio do Banpará, Natura, Águas do Pará, Instituto Aegea, Copa Energia e Vale. O evento conta com o apoio do Magalu, Sebrae, Cerpa, Oncológica do Brasil e da Embratur. A Varanda de Nazaré é uma realização do Governo Federal e do Governo do Estado do Pará.

A produção, tanto da Varanda da Amazônia quanto da Varanda de Nazaré, é da Kaiapó Produções.

Por: Socorro Ramalho (Belém)

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